Rastro de Maldade CRÍTICA

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Rastro de Maldade (2023) – CRÍTICA

Rastro de Maldade (A Haunting in Venice) é um filme de suspense e mistério dirigido por Kenneth Branagh, baseado na obra de Agatha Christie. Esta obra faz parte das aventuras do icônico detetive Hercule Poirot, vivido por Branagh, em uma adaptação sombria de sua própria direção. O filme é uma continuação das versões anteriores, Assassinato no Expresso do Oriente (2017) e Morte no Nilo (2022), mas com um tom mais sombrio, atmosférico e com toques sobrenaturais, o que torna esta uma proposta diferente das anteriores.

Enredo

Ambientado em Veneza após a Segunda Guerra Mundial, o filme segue Poirot em um momento de afastamento da vida de detetive. Ele se vê envolvido em uma investigação quando é convidado a uma sessão de espiritismo em uma mansão isolada, organizada pela famosa escritora de livros de mistério, Ariadne Oliver (interpretada por Tina Fey). Durante a sessão, eventos sobrenaturais começam a acontecer, e um assassinato é cometido. Poirot, relutante, acaba sendo forçado a resolver o mistério e descobrir quem está por trás do crime.

A história é envolvente ao misturar o estilo clássico de mistério com um clima de terror psicológico. A casa onde se passa a ação tem uma atmosfera gótica e sombria, o que adiciona uma camada de tensão e incerteza à investigação de Poirot. O conceito de dúvida sobre o sobrenatural, combinado com a genialidade de Poirot, cria um suspense crescente até o desfecho.

Direção e Atmosfera

Kenneth Branagh, além de dirigir, assume novamente o papel de Hercule Poirot, um detetive com uma mente brilhante, mas com um ar de cansaço e desilusão nesta adaptação. Ele consegue equilibrar o charme do personagem com as nuances de um homem em busca de algo além dos mistérios terrenos. A escolha de Veneza, uma cidade famosa por sua beleza e mistério, como o cenário da história, não poderia ser mais acertada. A cidade, com suas ruas vazias e canais escuros, serve como o cenário perfeito para um conto de mistério carregado de tensão psicológica.

O filme explora o conceito de incerteza de uma maneira eficaz, mantendo o público questionando se os eventos que estão acontecendo são reais ou apenas um reflexo das mentes dos personagens. O clima gótico e o ambiente fechado, com poucos personagens, ajuda a amplificar esse clima de suspense e paranoia.

Atuações

A atuação de Kenneth Branagh como Hercule Poirot continua sendo um ponto forte da franquia. Ele traz uma profundidade emocional ao personagem, lidando com seu próprio cansaço e desejo de se afastar de sua antiga vida de investigações. A interação de Poirot com os outros personagens, especialmente com a escritora Ariadne Oliver, que oferece um toque de humor e leveza à trama, é cativante.

Tina Fey, como Ariadne, oferece um contraste interessante, com seu humor irreverente e abordagem cética em relação ao sobrenatural. O restante do elenco, incluindo Michelle Yeoh, Jamie Dornan e Kelly Reilly, também trazem performances sólidas, embora a profundidade de seus personagens seja limitada devido ao formato de mistério e ao foco no personagem de Poirot.

Aspectos Técnicos

A direção de arte de Rastro de Maldade é impressionante, com uma cinematografia que capta a essência de Veneza, alternando entre a beleza de seus cenários e a escuridão das sombras que tomam conta da mansão. O design de som também é eficaz, criando uma sensação constante de tensão e desconforto, enquanto a trilha sonora contribui para a atmosfera de suspense.

O uso do sobrenatural, com uma leve influência de filmes de terror psicológico, é bem trabalhado. Embora o filme não explore o terror de forma explícita, ele faz o público questionar constantemente se os eventos são explicáveis ou se há algo realmente além da compreensão humana.

Conclusão

Rastro de Maldade se destaca por sua mistura habilidosa de mistério, suspense e elementos sobrenaturais. Embora alguns momentos possam parecer previsíveis para os fãs do gênero, a capacidade de Branagh de manter o público intrigado até o final é inegável. A ambientação, a trama instigante e a performance de Branagh tornam o filme uma experiência envolvente para os amantes de mistério e de Agatha Christie.

Contudo, a falta de maior profundidade nos personagens secundários e a dependência de uma fórmula clássica de mistério podem não agradar a todos. O filme é recomendado para aqueles que apreciam um bom thriller psicológico com uma pitada de mistério clássico e um cenário fascinante como Veneza.

Nota: 7/10