

The Dark and the Wicked (2020) – Crítica
Introdução
The Dark and the Wicked (2020), dirigido por Bryan Bertino, é um filme de terror psicológico que mergulha nas profundezas do medo existencial, da culpa e do sobrenatural. Com uma atmosfera sombria e uma tensão crescente, o filme segue os irmãos Louise (Marin Ireland) e Michael (Michael Abbott Jr.) enquanto retornam à casa de campo de sua família para cuidar do pai, que está gravemente doente. À medida que eles se envolvem no cuidado de seu pai, uma força malévola começa a assombrar a propriedade, e as linhas entre o mundo físico e o espiritual começam a se desfazer. Ao longo do filme, Bertino faz um trabalho excepcional ao criar uma sensação de desespero e um terror psicológico que permanece com o espectador muito depois dos créditos finais.
Aspectos Positivos
- Atmosfera de Terror Constante e Crescente
Uma das maiores forças de The Dark and the Wicked é sua atmosfera tensa e opressiva. Desde o início, o filme se distingue ao criar um ambiente de pavor psicológico, com imagens perturbadoras e sons que aumentam o desconforto. Não se trata de um filme de terror convencional, com sustos fáceis ou cenas de gore, mas sim uma narrativa que joga com a sensação de inquietação e ameaça constante. A ambientação na casa isolada, com uma luz baixa e sombras longas, cria uma sensação de confinamento, o que potencializa a tensão. A casa, por si só, parece quase viva, imbuída de uma presença maligna que vicia a audiência.
Bertino, que já demonstrou seu talento com The Strangers (2008), repete a fórmula do terror psicológico ao fazer o espectador sentir o peso das emoções dos personagens e da atmosfera sombria. O ritmo do filme é lento, mas isso só aumenta a sensação de angústia, à medida que os acontecimentos se desenrolam e o terror se torna cada vez mais iminente.
- Excelentes Performances de Marin Ireland e Michael Abbott Jr.
Os dois protagonistas, Marin Ireland e Michael Abbott Jr., entregam performances excepcionais que ajudam a manter o filme ainda mais perturbador. Eles fazem com que o público se conecte profundamente com seus personagens, que estão claramente emocionalmente exaustos devido ao luto e à dor. Ireland, em particular, é fantástica como Louise, transmitindo uma sensação de desespero crescente à medida que ela percebe que algo está terrivelmente errado na casa. Sua atuação é crua e cheia de dor, tornando sua experiência de terror ainda mais tangível.
Abbott Jr. também é eficaz como Michael, o irmão cético e distante, que aos poucos começa a perceber a verdadeira natureza das forças que estão à espreita. Juntos, eles criam uma dinâmica de irmãos complexa, que serve como um alicerce emocional para a história, mesmo quando o sobrenatural começa a invadir o ambiente de maneira palpável.
- Exploração do Terror Psicológico e Sobrenatural
O filme é uma mistura de terror psicológico e sobrenatural, criando uma experiência multifacetada de medo. Bertino foca não só nos eventos físicos e visuais que ocorrem dentro da casa, mas também na angustiante presença do mal que paira sobre os personagens, afetando-os emocionalmente e psicologicamente. O terror não vem apenas do que os personagens veem ou ouvem, mas de um medo profundo e atemporal relacionado à morte, ao luto e à culpa.
A habilidade do diretor em manipular o medo psicológico é evidente, especialmente na forma como ele retrata as visões perturbadoras dos personagens. Estas são retratadas de forma que deixam os espectadores na dúvida sobre o que é real e o que é produto da mente perturbada dos personagens. A atmosfera de paranoia e desespero é extremamente eficaz, tornando a experiência de assistir a este filme visceral e angustiante.
- Ritmo Contido e Suspense Psicológico
The Dark and the Wicked se distingue de muitos outros filmes de terror ao não depender de sustos fáceis ou cenas de ação frenéticas. Ao contrário, o filme adota um ritmo mais lento e uma construção gradual da tensão, permitindo que o suspense e a ansiedade se acumulem lentamente. Isso gera uma sensação de inevitabilidade, onde o mal que está prestes a acontecer parece uma força implacável, fazendo o público se sentir cada vez mais desconfortável à medida que o tempo passa.
A ausência de uma resolução rápida e a demora para revelar a verdadeira natureza do mal no filme também ajudam a aumentar a tensão. O filme se recusa a dar respostas fáceis, mantendo o espectador na expectativa e sem saber o que esperar a cada nova cena.
Aspectos Negativos
- Poderia Ser Mais Conciso
Embora o ritmo lento e a construção gradual da tensão sejam em grande parte eficazes, o filme pode parecer arrastado para alguns espectadores. Certas cenas e sequências parecem estender-se um pouco além do necessário, o que pode gerar impaciência em quem espera um desenvolvimento mais ágil da narrativa. Algumas partes do filme, principalmente nas cenas mais silenciosas e introspectivas, podem parecer desnecessárias e não contribuem significativamente para o desenvolvimento do enredo ou dos personagens.
Isso pode fazer com que o público se sinta frustrado, especialmente em um gênero onde muitos esperam uma progressão mais direta e uma resolução mais rápida dos eventos. O filme, por mais que crie uma tensão impressionante, nem sempre consegue manter o equilíbrio perfeito entre suspense e desenvolvimento narrativo.
- Enredo Pode Ser Confuso para Alguns Espectadores
O enredo de The Dark and the Wicked pode parecer enigmático e abstrato, o que pode deixar alguns espectadores frustrados. O filme não oferece explicações claras sobre o que está acontecendo, deixando muita margem para interpretação. Embora isso seja uma característica intencional, para reforçar o mistério e a sensação de incerteza, algumas pessoas podem achar isso excessivo. Certos elementos da história, como as interações com o mal, são deixados sem explicação clara, o que pode afastar quem prefere um enredo mais direto e um entendimento mais claro do que está em jogo.
Conclusão
The Dark and the Wicked é um filme de terror psicológico que se distingue por sua atmosfera tensa, suas performances excepcionais e sua abordagem sutil do sobrenatural. Bryan Bertino entrega uma experiência imersiva que mistura terror psicológico com o medo de morte e culpa, criando uma obra que, apesar de seu ritmo lento, consegue envolver e inquietar o espectador de maneira eficaz.
A forma como o filme explora os medos universais da morte, do luto e da culpa torna o terror mais humano e profundamente desconfortável, mais do que simplesmente assustador. Embora o ritmo mais contido e a falta de explicações claras possam afastar alguns, The Dark and the Wicked oferece uma experiência de terror que desafia convenções e cria uma sensação de desespero e desconforto que se estende muito além do final dos créditos.
Nota Final: 8/10
The Dark and the Wicked é um filme de terror psicológico bem-sucedido, capaz de criar uma tensão constante e uma atmosfera de desespero. Embora possa ser um pouco arrastado em alguns momentos e enigmático em outros, ele oferece uma experiência profunda e angustiante que vai permanecer com o espectador muito tempo depois de assisti-lo.
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